quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PERGUNTA QUE EU TE RESPONDO...

Após assistir incansavelmente ao resgate dos chilenos, tomei coragem de voltar a blogar. Confesso que escrever com a mão direita sem o auxílio da minha querida canhota me deixa exausta.
Pensando bem, é apenas uma mão quebrada, após uma queda de um cavalo chamado Zidane, operada para inserir uma placa de titânio no punho, e posteriormente um gesso que vai até embaixo do braço durante vinte dias, num calorzinho que queima e coça, sabendo que ainda enfrentarei dias de fisioterapia para voltar ao normal. O que é isso perto do que aquela turma enfrentou?
Aquele quase não girar daquela roldana me dava nos nervos. Meus pés sacodiam, ficava aflita, agoniada, fazia comentários descabidos. Parecia que só tinha gente conhecida naquele buraco. Cada um que saía comemorando, meus olhos se enchiam de lágrimas. Assistia a um filme ao vivo e a cores onde os personagens eram meus parentes e amigos.

Antes do resgate, minha filha, ouvindo no rádio essa história, me perguntava o que aqueles mineiros estavam fazendo no Chile, e pior, embaixo da terra? Não eram felizes em Minas Gerais?

Após explicar todo o enredo dessa história no Chile, lembrei-me de um comentário na época de faculdade.

Estávamos em época eleitoral e o candidato Carlos Minc panfletava no pátio almejando sua vaga ao cargo de vereador. Olhei pra ele e para o "santinho" (que na verdade tinha que se chamar porquinho, devido à sujeira que deixa nas ruas) e disse:
- Eu já vi uma reportagem sua! Você não é aquele cara que já viajou de barco pro Polo Sul?
-Não Fernanda! Aquele cara é o Amir Klink! - respondeu o Márcio imediatamente.

Sem graça fui imediatamente motivo de risos. Carlos Minc, muito simpático, disse que ele já tinha viajado pra vários lugares, mas nem tão longe e isolado. Tudo por um voto! Deve ter pensado. Hoje conheço um pouco da sua história e das suas "viagens".

Anos passados ainda dou boas risadas dessa passagem na faculdade. Vejo que minha filha ao fazer qualquer comentário sobre qualquer assunto, acaba assim adquirindo conhecimento. Hoje ela sabe tudo sobre o assunto "mineiros que não são de Minas soterrados numa mina no Chile".

A ignorância acompanha o conhecimento. É como uma lagarta que vira uma borboleta. Basta querermos e ele aflora dentro de nós. Da pergunta nos enchemos de respostas. Os pontos de interrogação viram exclamação. Os mineiros passam a ser profissão, Carlos Minc um político viajandão e Amir Klink apenas um navegador em exploração.

3 comentários:

  1. É filha, nosssa família é mestre em fazer comentários esdrúxulos. Cris, minha norinha, se encaixou perfeitamente. Se der tempo, vou escrever um livro com as melhores.Qt aos "mineiros", deram exemplo de fé e esperança. Que Deus os abençoe! Bjs

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  2. Estava aguardando ansiosamente seu retorno aos escritos! No mais, que memória é essa?!

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  3. Caraca, Fê, também me emocionei com o resgate dos chilenos como se cada um fosse meu parente, ou no mínimo meu amigo. Adorei o comentário da Isabela, mas pode dizer pra ela que mineiro de verdade, não sai das Gerais. E o pior, quem minera também não.
    Agora, tenho perguntas sem resposta. Farei uma listagem delas e te enviarei...

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