quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A VIDA QUE SEGUE...

Estado de alegria. Tirei meu gesso! Nem acredito. Foram ao todo 44 dias de castigo. Agora começa uma nova etapa. Seções de fisioterapia com minha querida amiga e fisioterapeuta Fafô. Aproveito e volto a malhar.

Parece que estou nascendo de novo. Tenho uma sensação boa dentro de mim. Meu braço não me obedece em nada, mas é só uma questão de tempo. Ele voltará a fazer parte do meu corpinho.

Vejo pessoas no hospital numa situação caótica e eu saindo sem aquele trambolho no braço. Sou uma felizarda pensei. Quantos gostariam de estar no meu lugar. Deus gosta realmente de mim. Não é a toa que o admiro tanto.

Na Bíblia tem uma história lindíssima de Jó. Tudo dele foi tirado: dinheiro, família e saúde. Em nenhum momento Jó praguejou. Sempre dizia que se Deus poderia lhe dar coisas boas, também poderia lhe permitir que coisas ruins acontecessem. Assim o diabo desistiu dessa batalha e Deus restituiu a Jó em tudo duplamente. Um homem de fé. Adorar à Deus quando tudo está "nos trincs" vá lá...mas na situação dele são outros quinhentos.

Na hora que caí do cavalo e me pus em pé, vi que estava sendo presenteada. Poderia ser pior. Muitas tragédias num intervalo de minutos acontecem numa queda dessas. Pensei no Christopher Reeve, o eterno Superman, que após a queda de um cavalo ficou tetraplégico. Após minha queda soube de vários acidentes graves e imagino que o meu foi uma sorte. O danado do cavalo pulou pra frente, pra trás, me sacudindo, tentando me tirar de cima dele. Resolvi pular antes que ele me tirasse na marra e aconteceu tudo isso.

Agora é continuar a vida. Acreditar nela. Confiar e prosseguir...
Quedas, tombos e hematomas fazem parte. Não temerei. Minha caminhada é longa e curva, mas meu fardo é leve. Carrego ele com convicção e alegria. Jó é minha inspiração.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PERGUNTA QUE EU TE RESPONDO...

Após assistir incansavelmente ao resgate dos chilenos, tomei coragem de voltar a blogar. Confesso que escrever com a mão direita sem o auxílio da minha querida canhota me deixa exausta.
Pensando bem, é apenas uma mão quebrada, após uma queda de um cavalo chamado Zidane, operada para inserir uma placa de titânio no punho, e posteriormente um gesso que vai até embaixo do braço durante vinte dias, num calorzinho que queima e coça, sabendo que ainda enfrentarei dias de fisioterapia para voltar ao normal. O que é isso perto do que aquela turma enfrentou?
Aquele quase não girar daquela roldana me dava nos nervos. Meus pés sacodiam, ficava aflita, agoniada, fazia comentários descabidos. Parecia que só tinha gente conhecida naquele buraco. Cada um que saía comemorando, meus olhos se enchiam de lágrimas. Assistia a um filme ao vivo e a cores onde os personagens eram meus parentes e amigos.

Antes do resgate, minha filha, ouvindo no rádio essa história, me perguntava o que aqueles mineiros estavam fazendo no Chile, e pior, embaixo da terra? Não eram felizes em Minas Gerais?

Após explicar todo o enredo dessa história no Chile, lembrei-me de um comentário na época de faculdade.

Estávamos em época eleitoral e o candidato Carlos Minc panfletava no pátio almejando sua vaga ao cargo de vereador. Olhei pra ele e para o "santinho" (que na verdade tinha que se chamar porquinho, devido à sujeira que deixa nas ruas) e disse:
- Eu já vi uma reportagem sua! Você não é aquele cara que já viajou de barco pro Polo Sul?
-Não Fernanda! Aquele cara é o Amir Klink! - respondeu o Márcio imediatamente.

Sem graça fui imediatamente motivo de risos. Carlos Minc, muito simpático, disse que ele já tinha viajado pra vários lugares, mas nem tão longe e isolado. Tudo por um voto! Deve ter pensado. Hoje conheço um pouco da sua história e das suas "viagens".

Anos passados ainda dou boas risadas dessa passagem na faculdade. Vejo que minha filha ao fazer qualquer comentário sobre qualquer assunto, acaba assim adquirindo conhecimento. Hoje ela sabe tudo sobre o assunto "mineiros que não são de Minas soterrados numa mina no Chile".

A ignorância acompanha o conhecimento. É como uma lagarta que vira uma borboleta. Basta querermos e ele aflora dentro de nós. Da pergunta nos enchemos de respostas. Os pontos de interrogação viram exclamação. Os mineiros passam a ser profissão, Carlos Minc um político viajandão e Amir Klink apenas um navegador em exploração.